ADÃO PAULO OLIVEIRA
( BRASIL – DISTRITO FEDERAL )
Carta de Adão era, em 2022, o único livro publicado por Adão Paulo Oliveira, mas participou
de antologias coletivas em Brasília e no Rio de Janeiro.
FINCAPÉ – Coletivo de Poetas. Org. Menezes y Moraes. Brasília:
Thesaurus Editora, 2011. 280 p. 280 p. 12,5 X 22, 5 cm
ISBN 978-85- 7062-969- Ex. bibl. de Antonio Miranda
Expresso do Inconsciente
Homem-bala comprimido
no do canhão
Trajetória rumo ao espaço
asas dadas como o falcão
Lambe céu-brigadeiro
cometa-vento
doce-êxtase-explosão
Super-homem-bomba mergulha de cabeça
entre nuvens violetas
arco-íris de proveta
Língua de profeta: “De minha boca
não sairá palavra que não seja filha fiel
de minha mente e coração.”
Prefiro o silêncio dos mudos
a dizer o que não penso
A falar o que não sinto
Oito passos, um caminho
Sigo reto, reto, reto...
Mariposa
Despedi-me há poço no meu velho eu:
aceno nos olhos, cofre na boca
um lamento preso entre os dedos...
Não posso hesitar!
A imagem no espelho é miragem
Mesmo o reflexo tem seu lado esquerdo
A mão que lança a pedra
não apenas mata, aleija
Do assassino suicida, renasce Ananda!
Despedi-me há pouco do meu velho eu:
Lembrança plantada nos jardins do esquecimento
Sua última morada
Meu Atma é meu tear
Dos fios do Samsara
ele tramará a ponte derradeira
que me levará ao encontro
de minha essência verdadeira
Rasgo com meus dentes a carne do meu casulo
A mariposa vê-se à luz!
Suas asas estão límpidas, lépidas.
Querem voar por entre as folhas
da árvore Boddhi
No chão, porém, a sombra revela
a silhueta do ferrão da vespa
Meu veneno é meu antídoto
Minha morte será vida!
À Beira da Orla ou Azul Paranoá
À beira da orla vejo um trono azul turquesa...
Espelho d´água, rei violeta!
Vejo a agulha,
a linha do horizonte que fia o recôndito nexo.
À beija da orla, eu coso o mundo.
À beira do mundo, sou o meio.
À beira da orla, à beira do mundo...
À hora oito cozo zênite e nadir,
sacio a fome de oroboros.
Proclamo a aurora. Abraço o crepúsculo.
À beira da orla, o mundo encanto.
Plantado ao lado de palmeiras, o lago passa...
E eu à beira... À orla, ao mundo.
À beira, à beira...
Meu corpo fica, a mente passeia, vagueia...
Destroços de ampulheta, areia do vento.
Exato momento.
E circundando a beira, a orla cerca meu mundo
azul...s
Azul Paranoá.
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Página publicada em outubro de 2023
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